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4 motivos para disparada no preço dos combustíveis no Brasil

O preço médio da gasolina
no país segue firme acima  de R$ 6 e passa de R$ 7 em algumas localidades Os dados da Agência Nacional do Petróleo até 25
de setembro apontam a oitava alta consecutiva,   em meio a novos recordes na cotação do barril de   petróleo e de temores de uma
crise energética na Europa Mas por que os preços subiram tanto? Sou
Camilla Veras Mota, da BBC News Brasil,   e nesse vídeo listo 4 fatores que explicam
o cenário atual e por que a tendência,   pelo menos no curto prazo, não é de alívio Bom, a cotação do petróleo vem em
uma sequência de alta forte desde o   início do ano. Nessa terça-feira,
o preço do barril do tipo Brent,   referência internacional, passou de US$ 80
pela primeira vez desde outubro de 2018 Essa trajetória de alta impacta
diretamente nos derivados, gasolina,   diesel, gás natural, gás de cozinha, e
é explicada por pressões dos dois lados:   uma maior demanda e uma restrição de oferta O que nos leva ao nosso primeiro
ponto: o aumento da demanda E aqui a notícia boa: os programas
de vacinação contra a covid-19 têm   permitido que diversos países
reabram suas economias — e o   impacto da retomada tem sido em algumas
regiões mais forte do que o esperado Mas essa não é a única razão A China tem consumido mais gás natural, que
é um derivado do petróleo, como substituto do   carvão em suas termelétricas. Uma medida aí
que é parte do esforço do país para cumprir   as metas de redução da emissão de poluentes,
mas que também pressiona o preço do barril Mais especificamente nas últimas semanas,
o preço do gás natural disparou com o maior   consumo também na Europa, surpreendida pela
redução da geração de energia renovável,   que vinha se tornando cada vez mais
importante na matriz energética do continente Muitos dos parques eólicos do continente
estão produzindo menos do que a capacidade,   e sabe por quê? Porque tem ventado menos. Pois é,   em países como Reino Unido e Irlanda esse
verão foi um dos que menos ventou em décadas Assim, o consumo de gás natural tem
aumentado, o que acendeu um alerta com   a proximidade do inverno, quando o consumo
de energia por lá já é sazonalmente maior Passemos agora à outra ponta da equação, a
restrição de oferta, que é nosso segundo ponto Se a demanda por petróleo e derivados
cresceu de um lado, a oferta não acompanhou Uma das razões vem da própria dinâmica da
Organização dos Países Produtores de Petróleo ,  a OPEP, um cartel que reúne 13 países e concentra
cerca de 33% da produção global da commodity O grupo muitas vezes limita a produção
para evitar quedas fortes nos preços ou   mesmo valorizar a cotação do barril. E essas
decisões têm impacto sobre todo o mercado A Opep resolveu cortar a produção no ano passado,   por causa da pandemia. As atividades
estão sendo normalizadas gradativamente,   com a expectativa de que a oferta seja
completamente retomada até dezembro de 2022 E isso vem gerando atrito entre o bloco e
outros países. O salto no preço do barril   nos últimos meses tem levado os Estados Unidos,
por exemplo, a pressionar a Opep a acelerar essa   retomada. Assim como os brasileiros, os americanos
também estão pagando bem mais caro pela gasolina Além da maior demanda e restrição de oferta,
temos um terceiro fator: o dólar alto A valorização do petróleo tem um duplo
efeito para países como o Brasil,   que passam por uma profunda
desvalorização cambial O preço sobe não apenas porque a
commodity em si está mais cara,   mas porque o dólar também está mais caro,
consistente ali acima dos R$ 5, como a gente sabe E por quê? Uma parte vem de fatores externos,   como a expectativa de aumento de juros nos
Estados Unidos e de retirada do programa   de estímulos monetários, e parte vem
das nossas próprias questões internas:   a percepção de que as contas públicas estão
se deteriorando e toda a turbulência política Eu conversei com a professora da Faculdade de
Economia da Universidade Federal Fluminense,   Julia Braga, e ela afirmou que a imagem
ruim que o Brasil passa pro mundo,   com os atritos entre os poderes, crise
institucional, um governo com uma visão   muitas vezes anticiência, não comprometido
com as questões ambientais… tudo isso   também afeta a decisão dos investidores
internacionais de apostar aqui no país Vamos então ao nosso quarto e último
ponto: outros componentes da gasolina   e do diesel que não são derivados
do petróleo também estão mais caros, Mais especificamente, os biocombustíveis O álcool anidro é 27% da composição da gasolina   que sai das bombas e acumula alta
de quase 60% desde o início do ano. O motivo é climático: a falta de
chuvas e as geadas de junho e julho   reduziram a produção das lavouras da
sua matéria-prima, a cana-de-açúcar No diesel, o que entra na
composição é o biodiesel,   10%. E ele também está mais caro por
causa do preço da soja, cuja produção   também foi afetada pelas estiagens
e que acumula alta de mais de 70% desde o início do ano O resultado disso tudo vai além dos
combustíveis mais caros, já que eles   têm uma espécie de efeito cadeia, com
reflexo sobre o preço do transporte,   do frete, dos alimentos, e
alimenta ainda mais a inflação E a Petrobras? Pois é, o dólar e a cotação do petróleo vêm
tendo influência mais direta sobre os preços   de combustíveis no Brasil desde 2016, quando
a Petrobras passou a praticar o chamado Preço   de Paridade Internacional, que se orienta
pelas flutuações do mercado internacional A mudança de política foi uma resposta ao controle   de preços que vigorou na estatal entre
2011 e 2014, parte de uma estratégia   do governo da então presidente Dilma
Rousseff (PT) para segurar a inflação O caixa da companhia foi bastante
afetado nesse período. De um lado,   a empresa arrecadava menos que o potencial,
porque praticava preços menores; de outro,   chegava a subsidiar o preço, importando
muitas vezes combustível mais caro e   vendendo-o mais barato no mercado
interno para fazer frente à demanda Esses desequilíbrios levaram a empresa a
elevar muito seu nível de endividamento. E,   como a gente sabe, esse também
foi um período em que bilhões   em recursos foram desviados em
grandes esquemas de corrupção Sob nova direção, a empresa colocou em prática um
grande programa de “desinvestimento”, que prevê a   venda de vários de seus ativos, inclusive 8
das 13 refinarias que a Petrobras tem hoje. A ideia é focar mais na extração de petróleo, já
que o pré-sal tem se mostrado bastante rentável,   e menos na distribuição e no
refino, na produção dos derivados Alguns especialistas argumentam
que essa estratégia vai reduzir   a margem de manobra da empresa pra
segurar um pouco os reajustes antes   de repassar aos consumidores em
momentos de choque como o atual O que aconteceu antes e depois de 2016
contrapõe duas visões antagônicas a respeito   de qual seria o papel da Petrobras. Tem gente
que defende que ela deveria contribuir para a   estabilidade do ambiente macroeconômico,
já que a União é o acionista majoritário,   e segurar os reajustes em
momentos de choque nos preços Outros avaliam que essas interferências
têm mais custos do que benefícios,   ou seja, podem gerar uma fatura alta
que vai ser paga pelo contribuinte   mais lá na frente, além de abrir espaço para
instrumentalização da estatal e para corrupção Mas fato é que hoje a política de
preços da empresa tem impacto sobre   todo o mercado. Apesar de a estatal não
ter monopólio sobre o refino no Brasil,   ainda é a principal fornecedora de
combustíveis no país, dona de 13   das 18 refinarias em território nacional
e 98% da capacidade total de produção Pra gente encerrar, uma última questão, o ICMS.
Esse tributo estadual tem sido objeto de atritos   entre o governo federal e os Estados. No fim de
agosto, Bolsonaro chegou a afirmar em entrevista   que a alta dos combustíveis se
devia à “ganância dos governadores” O ICMS responde por cerca de 27% do preço
da gasolina. É um percentual elevado,   mas não explica o aumento nos preços. Isso porque a alíquota não foi
alterada. Tanto em maio do ano passado,   quando a gasolina custava em média
R$ 4, quanto neste mês de setembro,   com o preço a R$ 6, o percentual cobrado
em São Paulo, por exemplo, é o mesmo, 25% O valor nominal pago de ICMS, ou seja, em reais,
é maior porque o custo do combustível é maior,   mas as alíquotas, que são diferentes pra
cada Estado, não mudaram no meio dessa crise Com isso eu fico por aqui.
Obrigada e até a próxima!